Danivelloso

Sei que esse assunto não é novo, mas como meu blog é, esse momento tem que entrar para a “minha posteridade”.

Em 1991, o Jornal Manchete noticiou a precária situação do sistema aéreo do Brasil. Mas sem muito alarde, a pauta caiu no esquecimento.

Em 2003, o assunto volta a tona com a denúncia de José Viegas, que era apenas nosso Ministro da Defesa. O Planalto é alertado que o sistema corria risco de colapso.

Como parlamentares só andam de jatinho, a Secretaria da Fazenda além de não atender as solicitações de melhorias, decidiu reduzir ainda mais os investimentos. Apesar de nós trouxas apáticos, acompanhar-mos nos jornais que a receita tinha aumentado.

As dificuldades no transporte aéreo brasileiro tornaram-se públicas após a crise financeira da Varig. Sem as aeronaves – que haviam sido confiscadas pelos credores que não haviam recebido os pagamentos de seus contratos – a Varig deixou de operar várias rotas domésticas e internacionais.

Ainda em 2003, o governo Lula tenta promover uma fusão entre a Varig e a Tam. Sem êxito, o Governo assiste a Varig morrer.

Em 2004 a FAB e o O DECEA (Departamento de Controle de Espaço Aéreo) alertam o Planalto: se nada fosse feito, o apagão ocorreria.

Se as operações já estavam sobrecarregadas, imaginem o que estava por vir. A curto prazo, as outras companhias aéreas não conseguiriam absorver os passageiros deixados pela Varig.

Um relatório que listava os graves problemas da aviação civil brasileira foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 9 de novembro de 2006.

Você respondeu? Ele também não.

Pronto: o corte de recursos e a falta de planejamento criaram a crise no setor aéreo. O caos que englobava atrasos e cancelamento de aproximadamente 50% dos vôos, eram amplamente comentados pela BBC, CNN…

Em meados de julho, momento em que os brasileiros vivenciavam o auge da crise aérea brasileira ou o “ apagão aéreo “, nome dado pela impressa na época. Ocorre o ápice, o acidente do vôo 1907 da Gol  do qual ninguém sobreviveu.

E dá-lhe novela…há os Controladores de vôo que efetuam uma denúncia e somem do mapa, o acidente com o Legacy, o apagão… Confira as cronologias efetuadas pelo Estadão , Globo e pela Folha.

Durante o pico da crise e o auge do descaso por parte do Planalto, a nossa então excelentíssima Ministra do Turismo Marta Smith Vasconcelos – sim porque o Suplicy é do marido (do primeiro tá?) – fez o que nunca deveria ter feito: abriu a boca. (rs)

E soltou a seguinte pérola: “Relaxa e goza”, se referindo a atitude que os passageiros deveriam ter enquanto dormiam em cima das malas no aeroporto graças aos atrasos e cancelamentos de seus vôos.

Jáder Rossetto, VP da agência Euro RSCG Brasil, viu. E ao assistir a cena criou um novo comercial de varejo para a Peugeot: “Relaxa e compra”. Um filme astuto, ousado e bem humorado.

Pirei quando assisti aquele comercial que em tom de paródia, relaxava um público que estava estressado com o momento que vivia. Foi uma válvula de escape para quem assistiu.

Nem deu para divulgar para os amigos, pois o comercial que seria veiculado a semana toda, saiu do ar depois de poucas exibições.

O motivo? Um pedido à montadora do presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Cara, se isso não é censura, me expliquem o que é!

É um paradoxo! Um contra-senso! Eles se orgulham de ter lutado durante a ditadura, pelo fim do que mesmo? Censura?

A agência Euro RSCG Brasil, responsável por essa inteligente campanha, amarelou ao não publicar uma nota divulgando o pedido do presidente. Mas é compreensível que eles tenham privilegiado as decisões do cliente.

Enfim, eles afirmaram que houve contato com órgãos oficiais do governo, mas não disseram quais foram.

Nos bastidores, o comentário na época, é que o próprio presidente Lula pediu a montadora que retirasse o comercial do ar. Que rapazinho desocupado heim?

Para mim, isso tudo foi um grande mal entendido.

A Martinha foi mal interpretada. O que ela quis dizer foi que o Planalto relaxou para gozar com a privatização da Varig (você sabia que o maior acionista da TAM é a mulher do Zé Dirceu?) .

E o Lulinha, em um surto de consciência, disse para tirar a Marta e não o comercial…

Êta oposição heim!? (rs)

Perguntem para Dilma Rousseff que ela confirma tudo.