O Clodovil que você não conheceu
Não tenho ídolos e nunca fui tiete de ninguém (nem em minha adolecência), mas não gosto de injustiça e de notícia manipulada.
Por isso escrevo aqui, sobre o contexto da maioria dos textos que citam Clodovil.
Ninguém foi tão vítima de preconceito como ele.
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Clodovil formou-se professor. Foi um premiado figurinista de teatro, também trabalhou como ator e possui registro como cantor. Foi pioneiro na alta-costura brasileira. Era sinônimo de classe, segundo a alta sociedade da época. Desenhou para socialites, personalidades e primeiras-dama.
“É incontestável a importância do Clodovil para a moda brasileira, foi um dos precursores”, explica Sandra Harabagi, professora de Estilo do curso de Moda da Faap.“
Segundo a consultora de moda Costanza Pascolato, a tal rivalidade da dupla não passava de jogada de marketing. “Dener e o Clô eram amicíssimos”, diz.
Nos anos 80, o renomado estilista começou a apresentar programas e passou por muitas emissoras, como Globo, Gazeta, Rede Mulher e Rede TV!
Nunca deu apoio a quem não acreditava, nunca se rendeu a pressão da pauta e da indústria. Ficou conhecido pela maneira direta de se expressar. Claro, seco e objetivo.
Acompanhei a cobertura da impressa sobre sua saída da Rede TV! – o que o programa Pânico fez com ele, foi um desrespeito. Brincadeira, é quando todos riem. Quando alguém se sente ofendido, não é brincadeira e sim falta de respeito.
Ao estreiar na carreira política, Clodovil foi o terceiro deputado mais votado em SP em 2006.
Clodovil chegou e calou o Plenário
Com tanto veterano na casa, foi o estreante Clodovil Hernandes quem conseguiu o que ninguém jamais alcançou: ser ouvido por um Plenário cheio e silencioso:
“Eu não sei o que é decoro com um barulho desses enquanto a gente fala. Parece um mercado. Isso aqui representa o país”, disse Clodovil na cerimônia de posse na Câmara dos Deputados.
Clodovil repreendeu a platéia, e fez com que os 350 deputados presentes na sessão fizessem silêncio para acompanhar suas palavras.
A reforma do seu gabinete em Brasília custou R$ 200 mil, que Clodovil tirou do próprio bolso – e com certeza foi e será o único na história do senado a fazer isso.
Você sabia que todas as verbas parlamentares dele, eram destinadas às instituições de caridade?
Entre as 55 propostas que ele apresentou em seu primeiro mandato, estavam os projetos: que autoriza o enteado a adotar o nome de família do padastro; o que inclui o exame de próstata entre aqueles que devem ser oferecidos pelo empregador; e o que obriga o Estado a dar tratamento médico a vítimas de violência sexual.
O mais polêmico e menos divulgado ainda, é o que propõem a redução do número de deputados de 512 para 250, pois segundo Clodovil, a corrupção diminuiria,e os custo da casa também seriam menores.
Mas o que a mídia divulgou (explorou), foram suas citações mais ácidas…
Certa vez ele comentou:
Após participar de uma reunião na Fiesp ( Federação das Indústrias do Estado de São Paulo):
Um jornalista lhe perguntou sobre a sua avaliação da reunião na Fiesp, que discutiu propostas para o crescimento do país, Clodovil preferiu não opinar. “Não posso avaliar, porque cheguei atrasado, e além disso, era um almoço, trabalho a gente faz no escritório”, afirmou Clodovil.
“Já sei que vou ser assediado o tempo inteiro em Brasília, porque as pessoas pensam que eu sou um idiota, que vou lá fazer frescura na Câmara. Não! Viver é um ato político.”
O almoço promovido pela entidade reuniu senadores e parte da bancada federal paulista eleita em outubro.
Em seu programa na TVJB:
“Onde está a descência, o pudor, o caráter das mulheres? As mulheres se tornaram vulgares e siliconadas. Estão trabalhando deitadas e descansando em pé”, disse.
O assunto em pauta, era a perda dos valores, uma crítica a cultura televisiva da “bunda e do peito”. Que existe muita gente talentosa que não tem espaço na televisão.
Que existem mulheres hoje em dia, que usam o corpo para se projetarem profissionalmete, e sabemos que isso acontece.
Eu não me senti ofendida e entendi a colocação, com a qual inclusive concordo. Ele não acusou ninguém diretamente, mas se a carapuça serviu: vista.
O acusaram de preconceito, mas a entrevista seguinte era com a Dilma Roussef, Ministra da Casa Civil, onde ele defendeu as mulheres que estão no comando.
Mas concordo com os deputados que se sentiram ofendidos, já que muitos não trabalham nem de pé e nem deitados!
Perguntado sobre o que ele esperava do mandato, afirmou: “Não espero nada querida. Eu já tenho tudo de Deus e meu Deus nao é o da igreja, meu Deus é o universo.
Eu vou disseminar uma coisa aqui, além de elegância e das atitudes: a idéia de que a gente se transforma no que a gente quiser”, afirmou.
Pena que não deu tempo.
Perdemos a chance de ouvir alguém que nos alertou para as “entrelinhas”.
Muitos perderam a chance de aprender com um grande ser-humano, pois é mais divertido rotular sua indignação de ”piti de alguém que virou purpurina”, do que realmente encarar problemas sérios que fazem parte da nossa sociedade.
Sob forte pressão constantemente, perdeu a linha várias vezes.
Alguém lembra daquela mulher que roubou milhões da previdência? Lembra quem são os Anões do Orçamento?
A maioria não lembra, e se bobear elegeram os deputados envolvidos novamente. Agora, dos comentários do Clodovil? (rs).
Filho de pais adotivos, Clodovil nasceu em 1937, na cidade de Elisário, e faleceu aos 71 anos, ( teve morte cerebral detectada por volta das 18h50 desta terça-feira, dia 17 de Março).
Clodovil será enterrado no fim da tarde de hoje no Cemitério Morumbi, em São Paulo. Antes o corpo do parlamentar será velado na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Maria Hebe Pereira de Queiroz, advogada disse que o testamento, prevê a criação da Fundação Izabel, nome da mãe adotiva de Clodovil, e de uma entidade para cuidar de meninas órfãs chamada Casa Clô.
O dinheiro para a caridade viria de ações trabalhistas que o deputado moveu contra emissoras de televisão e que ainda aguardam decisão judicial. Segundo ela, Clodovil teria mais de R$ 1,6 milhão para receber.
Ufa! to mais leve…